Hospital IOP faz cirurgia inédita no Tocantins contra Parkinson

15/02/2022

Pacientes têm 48 e 68 anos e receberam dispositivo conhecido como “Marcapasso Cerebral”. Procedimento é realizado pela primeira vez na história no Estado do Tocantins.

Neste ano de 2022, o Hospital IOP entrou para a história da Medicina do Tocantins, ao realizar pela primeira vez no Estado cirurgia para o tratamento do Mal de Parkinson. 

Os procedimentos, conhecidos como Estimulação Cerebral Profunda (no inglês, Deep Brain Stimulation, DBS), consistem no implante de um pequeno eletrodo no cérebro, apelidado de “Marcapasso Cerebral”, e ocorreram nos dias 3 e 4 de fevereiro.

Os trabalhos foram conduzidos pelos médicos Ledismar José da Silva e Pedro Henrique Essado Maya. O tempo aproximado foi de oito horas em cada cirurgia.

Neurocirurgião com área de atuação em dor, espasticidade, epilepsia e distúrbios dos movimentos, o Dr. Ledismar possui graduação pela Faculdade de Medicina de Vassouras (RJ), é especialista em Neurocirurgia e Mestre em Gerontologia. Ele fala sobre os resultados:

“O que nós esperamos como resultado desse tratamento cirúrgico é que os pacientes tenham uma melhor qualidade de vida. Que eles melhorem os tremores, a rigidez. É uma cirurgia bastante eficaz no controle dos sintomas da doença de Parkinson. E foi um sucesso, e eles vão ter grandes melhorias na qualidade de vida. Estamos muito satisfeitos.”

Aos 68 anos, o lavrador Juvenal Alves da Silva foi o primeiro paciente a receber o Marcapasso Cerebral. Morador de Miranorte (TO), há 12 anos ele desenvolveu o Mal de Parkinson. Devido aos intensos tremores, sua coordenação motora estava cada vez mais comprometida e a medicação já não surtia mais o efeito desejado.

Ao lado da esposa, Cleusa, Juvenal é pai de três filhos. Ela relata como ele está:

“O aparelho foi implantado, mas ainda está desligado, pois leva por volta de três semanas para que ele possa ser acionado. Mas os tremores diminuíram e os movimentos do meu marido já melhoraram. A expectativa é de mais melhorias ainda. ”

O Dr. Pedro Henrique Essado Maya explica sobre o efeito imediato da cirurgia:

“Os pacientes já começam a ter o benefício no momento da cirurgia, quando nós fazemos os testes. E eles então já apresentam melhoras imediatas, nos tremores, na rigidez. ”

O bombeiro militar Manoel Ricardo Alves Costa, de 48 anos, foi o segundo paciente a ser operado. Ele e a esposa Valdine são pais de dois filhos, Haylana Sharon e Davi Ricardo, e avós de Henrique Manoel. O diagnóstico do Parkinson saiu no ano de 2018. Desde então, com o passar dos dias, os movimentos dele ficaram rígidos e lentos. Manoel ainda sofria com dores, perda parcial do paladar, irritabilidade, imunidade baixa e dificuldades para comer.

“A doença limitou em muito a vida, e trouxe até mesmo um quadro de isolamento social, agravando para um quadro depressivo”, relata Valdine. “Esperamos que a cirurgia melhore a qualidade de vida do meu marido. Ele espera voltar à prática de esportes, voltar a ter vida social, um convívio melhor com a família, e também retomar os estudos”, diz a esposa.

O que é o DBS

A Estimulação Cerebral Profunda é uma técnica cirúrgica de tratamento de doenças psiquiátricas e neurológicas como Parkinson, Distonia, Tremor Essencial e até mesmo depressão. Na neurologia, a Estimulação Cerebral Profunda é utilizada principalmente para tratar distúrbios do movimento.

Trata-se de uma cirurgia em que é implantado um pequeno eletrodo no cérebro para estimular regiões específicas, por meio de disparos de corrente elétrica. A técnica também é conhecida como “Implante de Marcapasso Cerebral” ou “Neuromodulação”, e tornou-se famosa como a “Cirurgia para Doença de Parkinson”.

Na Doença de Parkinson, o DBS é indicado para conter vários sintomas, como tremores não controlados com as medicações; flutuações como rigidez, lentidão dos movimentos e dificuldade para andar por encurtamento do efeito dos remédios; movimentos involuntários causados pelas medicações (discinesias) e intolerância aos medicamentos.

É importante ressaltar que a cirurgia nem sempre cura as doenças contra as quais é utilizada. No entanto, os pacientes têm uma taxa de melhora clínica entre 60% e 80%. Essa melhora oferece maior independência, funcionalidade e dignidade para a vida da pessoa. O procedimento pode ser realizado em todas as faixas etárias acima dos 8 anos de idade. 

Para pessoas com idade menor que 18 anos é necessário o consentimento dos pais.

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